OLPC Brazil/30 de julho de 2006
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BOA NOTÍCIA, MÁ NOTÍCIA
A boa primeiro: segundo o jornal nigeriano Vanguard, o governo da Nigéria fechou contrato com a OLPC Inc. para comprar 1 milhão de micros. Como vários outros países do mundo (não é o caso do Brasil), existem lá mais de 250 linguas faladas (Yoruba, Igbo, Hausa etc.) mas o árabe é a "segunda lingua" e o inglês a "terceira lingua" - que provávelmente vai ser a usada na implementação do projeto.
Apenas 30% das crianças da Nigéria frequentam escola.
A má notícia: segundo o jornal India Times, o ministro do Desenvolvimento (HDR) da India declarou-se contra o projeto OLPC. "A índia não vai se deixar ser usada para experiências com crianças". disse ele. Ele acha intrigante "porque os países desenvolvidos não estão incluídos no projeto? As crianças são um grupo muito vulnerável e sua exposição intensiva a computadores é preocupante. No próprio Estados Unidos existem os que acham e os que não acham que computadores são bons para crianças".
ENQUANTO ISSO, POR AQUI...
No dia 18 de julho representantes do Ministério da Educação, da Casa Civil, da Presidência da República e de outras áreas do governo, como o Serpro, se reuniram no Ministério da Ciência e Tecnologia,com a presença do ministro da pasta, Sergio Machado Rezende para discutir o projeto OLPC.
Foram apresentados estudos técnicos de três instituições de pesquisa: O Centro de Pesquisas Renato Archer, a Fundação Certi e o Laboratório de Sistemas Integráveis da USP.
A primeira coisa que os pesquisadores da USP constataram é que a máquina apresenta uma boa performance na hora de rodar uma versão “light” do sistema operacional Linux e aplicativos educacionais, como editores de texto, softwares de criação colaborativa e programas que permitem navegar na web.
“Concluímos que o hardware do laptop de US$ 100 já é uma realidade”, diz Roseli de Deus Lopes, professora-assistente do LSI e uma das encarregadas da análise.
“Uma das características mais importantes para o projeto é o consumo de energia do processador. De fato, o chip Geode, da AMD, exige pouca energia para funcionar e não gera muito calor, o que mantém estável o seu rendimento”, concluiu Hilton Garcia Fernandes, gerente de Projetos em Tecnologias Sem Fio do LSI.
Outra surpresa do laptop foi seu desempenho gráfico, que ficou bem acima do esperado nos testes feitos na USP.
O coordenador do projeto brasileiro UCA (Um Computador por Aluno) e assessor especial da Presidência da República, Cezar Alvarez, disse esperar que essa reunião seja um rito de passagem para uma nova fase, uma etapa de aprofundamento e aceleração do uso de computadores na educação brasileira.
INTERFACE DAS "ATIVIDADES"
Ficou pronto o design da tela que aparecerá na divisória "Atividades" do micro OLPC, parte integrante do siatema operacional Sugar. Se você nem faz idéia do que seja isso leia o link:Com açucar e com afeto
Na figura temos um esboço de como poderia ser essa tela para os micros brasileiros.
Relembrando: todas as atividades compartilhadas aparecem na "divisória" Atividades (circulos menores) e podem ser "selecionadas" para acesso (passando a ser representada por um círculo maior, no centro). Uma dessas atividades ocupará a tela cheia, mas o aluno pode sair dela, voltando para a divisória, e pular para outra das "selecionadas", rápidamente. Para selecionar mais uma, demora mais tempo. Uma atividade "aberta" do proprietário do micro aparece na parte inferior ("Desenho", na figura).
É possível vários alunos "executarem" uma atividade em conjunto e não apenas "ver" o outro a fazendo.
Esse recurso de compartilhamento é muito importante pois pode ser usado pelo professor numa aula, apresentando slides, por exemplo. A atividade é feita na sua máquina e os alunos acompanham nas deles.
ALUNO RECEBE PLACA-MÃE
Aparentemente não é muito difícil receber, no Brasil, uma placa-mãe do OLPC para testes.
O estudante de sistemas da informação da UFSC, Helber Maciel Guerra recebeu uma e procurou o GeNESS, laboratório do Departamento de Informática e Estatística da universidade para solicitar ajuda.
A viabilidade do laptop de US$ 100 também será alvo de estudos do Centro GeNESS, laboratório do Departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), promove nesta quinta-feira (20/7) uma reunião de apresentação do projeto para estudantes e professores da universidade. O objetivo é criar um grupo de trabalho para estudar na UFSC a iniciativa capitaneada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), além de desenvolver softwares livres para o laptop.
A idéia do grupo surgiu após receber do MIT um kit-protótipo do projeto e procurar o GeNESS para solicitar apoio no estudo. Dessa forma, na reunião estudantes e professores terão a oportunidade de conhecer mais sobre o projeto.
Em declaração ao boletim da Associação Brasileira de Educação à Distância (ADEB) o professor José Eduardo De Lucca, coordenador-geral do GeNESS disse que, além do ponto de vista tecnológico, o projeto é desafiador principalmente pelo aspecto social. “A possibilidade de ver as crianças carentes de países como o Brasil, ou da África e Ásia, com acesso à informação e os recursos da informática equivalentes ao das crianças de países mais ricos é um desafio mobilizador.A reação cultural regional é ainda uma incógnita. Mas se não estivermos acompanhando de perto, de que outra forma poderíamos debater isso?”, questiona.
Para o projeto, o grupo terá à disposição o Laboratório de Software Livre do Centro GeNESS, localizado no Centro Tecnológico da UFSC. “O GeNESS apóia na UFSC diversas iniciativas ligadas a disseminação e consolidação no uso e desenvolvimento de software livre. No laboratório, estudantes e professores poderão debater, estudar e aprender sobre o assunto, bem como desenvolver projetos livres”, explica De Lucca. Na UFSC, o projeto deverá contar também com o apoio do Programa de Educação Tutorial (PET) da Computação.