Webquest: o novo "trabalho de casa"
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A idéia básica do Webquest foi desenvolvida pelo educador americano Bernie Dodge. Mas não vamos aqui nos deter em detalhes muito técnico-pedagógicos. Você pode ler mais detalhes sobre o Webquest nesse link para o site da Escola do Futuro da USP. Vamos dar apenas um exemplo prático, bem simples, de como seria o uso de Webquest, adaptado aos recursos do projeto OLPC.
Como o nome está dizendo, Webquest seria basicamente um questionário a ser respondido usando os recursos da web. Mas é mais do que isso. Vejamos um exemplo.
Digamos que você é um professor e resolva criar um Webquest sobre a "Descoberta da América".
Preparação
- Primeiro você procura escolher um foco/tema relevante, autêntico, interessante, que incentive a análise e transformação da informação a ser pesquisada.
- A seguir, você monta uma série de questões. Por exemplo:
- Como era a situação do comércio internacional na Europa no século XIV?
- Quem foi Cristóvão Colombo (pequena biografia)?
- Por que as grandes navegações para longe das costas não eram possíveis antes do século XV?
- etc. etc.
- Depois, pesquisa a existência de livros sobre o assunto a serem baixados (no formato DjVu ou PDF ) para serem lidos no Evince (leitor de documentos), instalado em cada micro de aluno. Essa pesquisa se estende para a internet com artigos da Wikipédia e outros sites.
- Você então analisa os recursos para ver se os conteúdos são confiáveis e se a linguagem do site está apropriada para a faixa etária para quem a WebQuest está sendo dirigida. Pode se estender também para livros da biblioteca da escola ou bibliotecas públicas.
Aplicação
- Divida sua turma em grupos de 3 ou 4 alunos e passe esse material para eles. A idéia não é que eles apenas respondam as questões mas que escrevam um texto, com ilustrações, que conterá as respostas às perguntas.
- Esse trabalho será "publicado" no Wiki de um dos participantes do grupo, para ser compartilhado por toda a classe. Serão sorteados também 3(?) grupos para apresentação oral perante a classe -usando compartilhamento de imagens.
- Os grupos vão se reunir na escola ou fora dela. Na escola acessarão o material e "baixarão", o que acharem interessante, para a memória flash do micro.
- Farão reuniões, no lugar que quiserem, onde poderão ler em conjunto (cada um no seu micro) o material e discutir o texto final a apresentar, as ilustrações a anexar etc.
- Se morarem perto (a distância depende da abrangência da tecnologia que suporta o "Mesh") poderão ficar, cada um em sua casa, se comunicando pelo Chat.
- Cada aluno deverá colocar no seu Blog, dia a dia(?), suas experiências pessoais com relação ao trabalho que o grupo está fazendo (uma espécie de diário).
- Quando o trabalho estiver pronto, o Wiki será tornado "compartilhado".
Acreditamos que cada aluno se interessará em ler os trabalhos dos outros para compará-los com o de seu grupo. Depois haverão as três apresentações orais para toda a classe (com eventual debate). Isso ajudará a "fixar" o conhecimento sobre o assunto na memória de cada aluno.
Como vocês podem ver é uma técnica educacional super simples quando se tem recursos como os do projeto OLPC.
Depoimento
Sobre o uso de Webquests no projeto OLPC Brasil, Cristiana Mattos Assumpção, coordenadora de Tecnologia na Educação do Colégio Bandeirantes de São Paulo, comentou:
"Eu fiquei muito feliz de ver [...] a idéia de WebQuest no projeto. É uma estratégia fantástica, fácil (mas não simples), e pedagogicamente rica.
Eu venho trabalhando com WebQuests desde 1998, quando estava fazendo mestrado e doutorado em NY. Já venho treinando professores nessa estratégia desde então, e gostaria só de alertar para algumas falácias comuns que ocorrem com qualquer idéia que começa a ficar muito popular. Por parecer simples, a maioria das pessoas cria WebQuests que estão tecnicamente certas, mas a parte principal, que é uma tarefa desafiadora, acaba não acontecendo. Nem os processos cognitivos para os quais a estratégia foi desenvolvida.
Ano passado eu fiz um workshop com o próprio Bernie Dodge, promovido pelo Senac SP, e ele falou que para ele, 90% das WQs não são o que ele esperaria ver. Tanto é que ele criou uma ferramenta chamada Questgarden , que espero que logo tenha em português, justamente para ver se ao criar webquests usando essa ferramenta, ajudaria a aumentar a qualidade do produto final. Nessa ferramenta, ele ajuda o autor passo a passo, inclusive falando que partes deve desenvolver primeiro, embasando cada passo com a teoria pedagógica que fundamenta o por que daquele passo, e dando dicas e modelos a serem seguidos. Quando tiver essa ferramenta em português, eu sugiro que recomendemos que todos os professores a utilizem para desenvolver suas WebQuests.
O principal da WebQuest é escolher um tema relevante, que provoque discussão, reflexão, pesquisa, análise, autenticidade. Depois, o ponto chave é a Tarefa! Essa tarefa deve encorajar processos de pensamento crítico, julgamento, design (habilidades do mundo real, não do mundo fictício da escola). O aluno deve ser confrontado com um problema que seja difícil demais para ele resolver sozinho. Isso encoraja o trabalho em equipe. Ele aprende a ficar co-dependente de colegas que também contribuem com seu conhecimento, experiências, habilidades. Assim os alunos aprendem que juntos podem mais do que sozinhos. Aí entra forte a colaboração. Outra habilidade muito valorizada no OLPC.
E o produto pedido tem que forçar os alunos a internalizarem o que pesquisaram e transformarem em algo que é de autoria deles. Evitar algo que possa levar ao "Copiar - Colar". Textos são bons, contanto que sejam originais. Melhor ainda são posters, cartazes, panfletos, histórias em quadrinhos, filmes, debates, mesas redondas... enfim, produtos e modos de apresentação que tornem impossível simplesmente regurgitar a informação.
Lá no Colégio já estamos fazendo WebQuests em várias séries, sobre vários assuntos (História, Geografia, Biologia, Inglês, Português...). Os alunos adoram trabalhar dessa maneira! Se matam e trabalham muito mais do que antes quando tinham o mesmo assunto da forma tradicional. Envolvem os pais, outros professores, pesquisam livros na biblioteca, são super criativos. É uma delícia de ver. E o índice de aprovação pelos alunos ao fazer essa atividade é de 90% (ou seja, 90% deles recomendam que se repita essa atividade com os alunos no ano seguinte). Sempre fazemos uma avaliação para os alunos poderem nos dizer o que acharam. Essa avaliação é sempre importante ao implementar um novo projeto.
Não sabe para onde ir a partir daqui? Sugerimos um dos links:
ou a página principal: OLPC Brazil
- Notícias do OLPC Brasil é uma publicação periódica com as últimas notícias do projeto.